Ixo - Caminhão FNM D-11000 - Peças Genuínas FNM - 1/43

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A Fábrica Nacional de Motores (FNM), conhecida popularmente como "FeNeMê", foi uma empresa estatal brasileira concebida para produzir motores aeronáuticos, mas ampliou a sua atuação para a fabricação de caminhões e automóveis, atividade pela qual se tornou mais conhecida. A ideia de criar a Fábrica Nacional de Motores surgiu em 1939, no período da história brasileira chamado de Estado Novo. Era o governo do presidente Getúlio Vargas, que desejava transformar o Brasil em uma economia industrializada. Data desta época a fundação de empresas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional (1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Companhia Nacional de Álcalis (1943), a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945) e outras. Nesse espírito, o então coronel Antônio Guedes Muniz propôs a construção de uma fábrica de motores aeronáuticos que atenderia à aviação militar e à nascente produção nacional de aviões para uso civil. Muniz foi aos Estados Unidos e fechou um contrato para produzir motores radiais Curtiss-Wright R-975. O dinheiro chegou quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, como parte dos acordos firmados com os EUA. Assim, em 1942, foi fundada a Fábrica Nacional de Motores. A construção em Xerém (distrito de Duque de Caxias, no pé da Serra de Petrópolis) ocorreu durante a guerra. Eram enormes e modernas instalações. Quando saiu o primeiro avião com motor FNM, em 1946, a guerra já havia acabado e os EUA torravam seus excedentes militares. Só a FAB tinha 180 motores Wright importados em estoque. Getúlio fora deposto e o interesse pela industrialização do Brasil esfriara. O novo presidente, Eurico Gaspar Dutra, mandou suspender a produção de motores. Para salvar a FNM, Muniz (já alçado a brigadeiro) pôs a fábrica para fazer desde peças para máquinas industriais a eletrodomésticos. Em 1947, a estatal teve ações vendidas na bolsa. Só em 1949 é que Xerém encontrou seu rumo: graças a um acordo com a marca italiana Isotta Fraschini, a FNM foi a primeira empresa a fabricar caminhões no Brasil. Estreou com o D-7.300, um modelo bicudinho com motor a diesel e capacidade para 7,5 toneladas de carga. Foram fabricados cerca de 200 unidades deste modelo de caminhão, mas a Isotta Fraschini estava em má situação financeira na Europa e interrompeu o envio de peças. O jeito foi encontrar outro fornecedor de tecnologia: a estatal italiana Alfa Romeo. E foi com o modelo "cara chata" FNM D-9.500 que a linha de Xerém foi reativada em 1951. Em 1955, esteve à frente da produção dos "cavalos mecânicos", primeira tentativa de lançar ônibus muito longos - décadas antes dos articulados e BRTs - adaptando caminhões para sustentar estruturas de ônibus. Alguns desses chegaram a ser utilizados, no Rio de Janeiro, para uma linha de ônibus ligando o Lins de Vasconcelos, na Zona Norte, ao bairro da Urca, na Zona Sul. No entanto, a difícil locomoção desses ônibus deu fim a esse tipo de veículo. A nacionalização dos FNM (já chamados pelo povo de "FeNeMê") aumentou. Em 1958, foi lançado o modelo D-11.000, também derivado dos Alfa italianos. Era o caminhão pesado e se tornaria lendário em nossas estradas, com seu jeitão bruto e o som inconfundível do motor a diesel de seis cilindros, todo de alumínio. Em 1960, a FNM lançou-se na produção de um sedã de luxo, o FNM JK (que mais tarde passou a se chamar FNM 2000). Era o automóvel mais estável e veloz fabricado no Brasil na época, mas também o mais caro. Em 1968, com o regime militar, o novo governo privatizou a FNM, passando-a para a Alfa Romeo (sua velha parceira). Além do absoluto sigilo que cercou a operação, para a qual foi dispensada concorrência pública, foram muitos os motivos de surpresa, todos conduzindo à mesma interrogação: porque à Alfa Romeo? Havia quatro anos a Alfa já não produzia caminhões na Itália; da mesma forma, não dispunha de modelos populares em sua gama. Como a FNM, a Alfa Romeo era uma empresa estatal, que igualmente padecia (embora em menor grau) de ingerências políticas e descontinuidade administrativa; além disto, começava-se a discutir, na Itália, a oportunidade da transferência do seu controle para a Fiat (algo que viria acontecer anos depois). Assim, a Alfa Romeo assumiu o controle da FNM, que continuou a fazer automóveis, caminhões e chassis de ônibus. Em 1972, veio um novo caminhão pesado, o FNM 180. Sua mecânica era basicamente a do velho D-11.000, mas a cabine era mais moderna. Na mesma linha, foi criado o FNM 210. A gama de automóveis também passou por uma evolução: após o 2000, foi lançado o 2150 e, em março de 1974, foi lançado o Alfa Romeo 2300, um modelo fabricado exclusivamente no Brasil. A operação de Xerém, porém, nunca deu grande lucro. Em 1977, a Alfa Romeo foi vendida à Fiat — que continuou a fazer o modelo 180 por mais dois anos e fechou as portas da pioneira FNM. Ao longo de todas as suas fases, a empresa produziu aproximadamente 15.000 veículos.

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